O mês de abril foi selecionado para, todos os anos, celebrar o mês de conscientização da população para a Prevenção da Cegueira – diagnóstico, tratamento precoce e reabilitação. Por isto, é conhecido como o Abril Marrom. Esse nome vem se consolidando no calendário de temáticas de saúde para a conscientização sobre doenças que causam a cegueira e, em muitos casos poderiam ser evitadas. A cegueira atinge, atualmente, cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. Estima-se que cerca de 60% das doenças oculares que causam cegueiras são tratáveis. Se a pessoa tiver a chance de um diagnóstico e um tratamento precoce, ela pode manter boa qualidade de visão. Campanhas informativas como a do Abril Marrom são importantes para a promoção de conhecimento da população para que ela entenda a importância da consulta anual ao médico. A regularidade nas consultas é o modo de prevenção mais efetivo, bem como o compromisso com o tratamento quando uma doença é diagnosticada.
De acordo com o oftalmologista curitibano Dr. Marcelo Vilar, cerca de 700 mil brasileiros cegos poderiam estar enxergando caso tivessem sido tratados a tempo. Essas ocorrências poderiam ser evitadas se a população consultasse um especialista pelo menos uma vez ao ano. As doenças caminham silenciosamente e as pessoas só procuram o médico quando já perderam parte da visão. A população precisa ficar alerta e ter interesse em se cuidar, adverte o Dr. Marcelo. Ele considera essencial procurar o oftalmologista para fazer exames e detectar possíveis males. Diabéticos, crianças, adultos acima de 40 anos e idosos acima de 60 anos merecem ainda maior atenção. informações a respeito das doenças que podem levar à cegueira é o primeiro passo para a adoção de medidas preventivas, segundo ele.
Para o Dr. Marcelo, as doenças mais comuns que podem causar cegueira são:
Catarata
Doença caracterizada pela perda de transparência (opacidade) do cristalino (lente localizada atrás da íris), a catarata pode ser classificada como secundária ou senil. A catarata secundária pode estar relacionada a inúmeros fatores, tanto oculares quanto problemas sistêmicos; a catarata senil ocorre devido ao envelhecimento natural do cristalino. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior acometimento na população acima de 50 anos. Por se tratar de uma doença progressiva, somente a facectomia, cirurgia de substituição do cristalino, gera resultados efetivos e definitivos para a recuperação da visão. Ao notar qualquer sinal de embaçamento na visão, dificuldade para dirigir à noite por conta do brilho dos faróis, visão com feixes de luz e sensação de melhora da visão ao aproximar os objetos, com piora logo em seguida, é necessário buscar ajuda do oftalmologista.
Glaucoma
Essa doença desafia a medicina e é a principal causa de perda irreversível da visão. E isto se deve ao fato de o glaucoma ser silencioso. Quando surgem os primeiros sinais, o risco de o paciente ter importante perda da visão é iminente e definitivo. Resumidamente, a doença surge quando o nervo óptico (uma espécie de fio telefônico com mais de um milhão de fibras) começa a apresentar danos. A informação deixa de percorrer de forma correta o trajeto entre o olho e o cérebro. De maneira gradual, lenta e imperceptível, surgem “pontos cegos”, que só serão percebidos depois de um dano considerável. Quando todo o nervo é destruído ocorre a cegueira, que é caracterizada por danos no nervo óptico que podem levar à perda total de visão devido ao aumento da pressão intraocular (PIO). Como o nervo óptico é o responsável por levar as informações que vemos ao cérebro, qualquer dano nessa região pode interferir na qualidade da visão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 1 a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma, que causa cegueira irreversível.