Nos próximos dias e até o final de abril será desencadeado, em várias partes do país, o “Abril Marrom”, um esforço de entidades médicas, centros hospitalares e governos, com o objetivo de minimizar os graves efeitos provocados pela perda da visão. A preocupação se justifica.
Cerca de 50 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de distúrbio visual, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Destes, por algum motivo, mais de um 1,2 milhão perderão a visão. Por tal cenário, o primeiro passo para se garantir uma boa saúde ocular, segundo o Dr. Marcelo Vilar, oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, é cultivar hábitos saudáveis para proteger os olhos. O segundo é procurar um especialista periodicamente ou tão logo ocorram desconfortos, sinais ou dores persistentes por conta de algum problema ocular.
Glaucoma
O glaucoma é considerado como o principal vilão entre as doenças oculares. E desafia a medicina, pois é a principal causa de perda irreversível da visão. E isto se deve ao fato de ser uma doença silenciosa. Quando surgem os primeiros sinais, o risco de o paciente ter importante perda da visão é iminente e definitivo.
O Dr. Marcelo Vilar alerta que o glaucoma surge quando o nervo óptico (uma espécie de fio telefônico com mais de um milhão de fibras) começa a apresentar danos. A informação deixa de percorrer de forma correta o trajeto entre o olho e o cérebro. De maneira gradual, lenta e imperceptível, surgem “pontos cegos”, que só serão percebidos depois de um dano considerável. Quando todo o nervo é destruído, ocorre a cegueira.
Muitas pessoas sequer sabem o significado da palavra “glaucoma”. Estatísticas do CBO apontam para um total de um milhão de vítimas da doença no país. Ainda de acordo com o CBO, estima-se que 70% dos portadores não estejam em tratamento.
Negros, asiáticos, pessoas com mais de 40 anos estão entre os grupos de risco. Bebês também podem ser acometidos pela perda da visão provocada pelo glaucoma. Nesses casos, a doença é conhecida como glaucoma “congênito” ou “pediátrico”, acometendo um a cada mil bebês. É rara, porém os seus sinais são bastante evidentes. Está relacionada ao histórico familiar, razão pela qual o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais.
Catarata
Para o Dr. Marcelo é essencial informar de que existem outras doenças oculares com potencial perda da visão que, se diagnosticadas precocemente por um oftalmologista, podem ser tratadas e inclusive curadas. Um dos exemplos, segundo o médico, é a catarata, caracterizada pela perda de transparência do cristalino (a lente natural do olho). A catarata é a principal causa reversível de cegueira no mundo.
Graças aos avanços da medicina, o tratamento da catarata é feito por meio de uma cirurgia simples, precisa, rápida e segura, denominada de facoemulsificação. A operação consiste em substituir o cristalino que ficou opacificado por uma lente artificial chamada de lente intraocular.
Retinopatia diabética
Controlar o controle glicêmico é de fundamental importância, pois o olho, segundo o Dr. Marcelo, é um dos principais órgãos afetados pelo diabetes. A retinopatia diabética é uma dessas doenças, segundo o médico. Ela afeta os pequenos vasos da retina (região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro). Se não for tratada precocemente, pode provocar a cegueira irreversível.
Existe uma outra forma de retinopatia diabética também, que atinge as grávidas (diabetes gestacional). A doença pode evoluir rapidamente, sendo aconselhável que todas as grávidas efetuem exames de fundo de olho no início da gravidez e no pós-parto.